QUAL O SEXO DO BEBÊ: MENINO OU MENINA?

Ambiguidade genital ou Intersexo deve ser tratada precocemente

A dúvida em relação ao sexo do bebê, que já é angustiante para os futuros papais, é ainda mais conflituosa nos casos de diagnóstico de Ambiguidade Genital. Considerada uma doença rara, a ambiguidade genital é um defeito congênito que dificulta ou impede que a equipe médica identifique, num primeiro exame clínico, o sexo do bebê. A incidência apontada em trabalhos científicos recentes é de um caso para 2,5 mil a 4 mil nascidos vivos. O problema, ainda cercado de muitos tabus que envolvem qualquer assunto relacionado à sexualidade, é também conhecido como distúrbio da diferenciação do sexo. “A doença deve ser detectada e tratada com a maior brevidade possível. A avaliação e intervenção adequadas para cada caso podem evitar que o paciente seja criado num sexo inadequado, que poderá afetar a sua saúde na esfera biológica, psicologia e social”, alerta o urologista pediátrico baiano Ubirajara Barroso, que é o coordenador Cirúrgico do Centro de Desordens do Desenvolvimento Sexual (DDS), da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

O sexo genético de uma criança é determinado no momento da concepção. O óvulo (célula sexual feminina) da mãe contém um cromossoma X, enquanto que o espermatozóide (célula sexual masculina) do pai pode conter um cromossoma X ou um cromossoma Y. São estes cromossomas – X ou Y – que determinam qual será o sexo genético da criança. Portanto, é o cromossoma paterno que “define” o sexo genético da criança. Em tese, um bebê que herda o cromossoma X do pai é geneticamente do sexo feminino (dois cromossomas X), enquanto que se o bebê herda o cromossoma Y é geneticamente do sexo masculino (um cromossoma X e um cromossoma Y). ”Os genitais ambíguos tornam difícil classificar o sexo do bebê como masculino ou feminino. Em casos muito raros, a aparência física pode ser totalmente oposta à do sexo genético. Por exemplo, um macho genético pode desenvolver uma aparência normal do sexo feminino”, acrescenta o especialista.

A genitália ambígua pode ser descoberta nos primeiros exames realizados durante a gestação. Testes genéticos podem determinar se a criança é geneticamente do sexo masculino ou feminino. A depender da causa, as condições associadas com genitália ambígua podem ser tratadas com procedimentos como terapia de reposição hormonal, tratamentos complementares ou cirurgia. Além das questões genéticas, o uso de testosterona na gestação pode estar associado ao problema.

Em crianças geneticamente femininas, algumas características podem ser indício da doença, como clitóris aumentado que tem a aparência de um pênis pequeno, abertura da uretra (canal por onde sai a urina) localizada em qualquer lugar ao longo, acima ou abaixo da superfície do clitóris, lábios genitais podem encontrar-se fundidos. Em alguns casos, uma massa de tecido é sentida no interior dos lábios fundidos, fazendo com que pareçam um escroto com testículos.

Já em uma criança geneticamente masculina, a genitália ambígua tem, geralmente, as seguintes características: pênis pequeno (com menos de 2 ou 3 centímetros) que se assemelha a um clitóris aumentado , abertura da uretra localizada em qualquer lugar ao longo, acima ou abaixo do pênis, escroto pequeno com algum grau de separação, assemelhando-se à lábios genitais, muitas vezes associados de testículos que não desceram. “Devido aos potenciais efeitos sociais e psicológicos dessa condição, os pais devem decidir se vão criar o seu filho como uma criança do sexo masculino ou feminino o mais rápido possível depois de feito o diagnóstico, de preferência, nos primeiros dias de vida do recém-nascido” alerta Barroso, acrescentando que, devido à complexidade das questões de gênero, o tratamento ideal envolve uma equipe multidisciplinar formada por urologista, fisioterapeuta e psicólogos.