Peyronie

O que é um Pênis Curvo?

O pênis naturalmente não é completamente reto, podendo haver pequena curvatura para qualquer direção, sem interferir nas atividades sexuais. Porém, existem situações em que o pênis adquire um grau de curvatura que passa a desviar o seu eixo, tornando-se mais perceptível e podendo dificultar a penetração.

Há dois tipos de curvatura, a congênita e a adquirida. A adquirida pode se dar de forma espontânea, a chamada doença de Peyronie, ou pode ser decorrente a trauma após uma “fratura” peniana.

Curvatura Congênita do Pênis

Em geral só é descoberta na puberdade com o crescimento do pênis pela ação da testosterona.

O pênis possui dois cilindros, que são os corpos cavernosos. Na curvatura congênita uma porção dos corpos cavernosos cresce mais do que a porção oposta, fazendo com que o pênis curve. Geralmente o pênis é virado para baixo, mas pode estar “virado” para qualquer eixo.

A causa ainda não está bem estabelecida, mas teoriza-se que pode ocorrer por uma uretra mal desenvolvida (hipoplásica), por alterações de dois tecidos que recobrem o pênis, o dartos e a fáscia de Buck, ou por desproporção dos corpos cavernosos, sendo que um lado cresceria mais do que o outro.

A curvatura congênita do pênis normalmente associa-se a um pênis de bom volume, diferentemente da curvatora da doença de Peyronie, na qual, os homens na maioria das vezes se queixam de perda de tamanho peniano.

Quando a curvatura congênita é para cima (dorsal) normalmente se associa a epispádia, quando é pra baixo (ventral), geralmente vem com hipospádia. Porém, a curvatura congênita do pênis pode ter a saída da uretral em posição normal.

A incidência de curvatura congênita do pênis é de 0,6%, mas são clinicamente significantes em muito menos que isso (1).

Para o diagnóstico, fotos demonstrando a curvatura são importantes para o médico poder dar o diagnóstico e indicar o melhor tratamento. Em geral, os pacientes procuram os médicos quando a curvatura é maior do que 30º.

O tratamento é cirúrgico, mas antes disso, o urologista reconstrutor deve avaliar os aspectos emocionais associados com a condição, verificar aspectos relacionados à sexualidade, e entender quais são as expectativas do paciente. Atenção com psicólogo é muitas vezes necessária.

O índice de satisfação com a cirurgia varia de 71-100% (2-3). Pode ser realizada por técnica de plicatura ou enxerto. A técnica de plicatura consiste em dar pontos no lado da grande curvatura para que essa parte retifique. Nos casos em que a curvatura é mais suave, essa técnica permite a retificação do pênis com uma cirurgia mais simples e rápida. A perda de tamanho peniano é praticamente imperceptível nesses casos.

Entretanto, nas curvaturas mais acentuadas, se mais anguladas, a cirurgia de plicatura pode fazer com que o pênis perca tamanho. Nesses casos, a cirurgia com colocação de enxerto pode ser escolhida.

Outro aspecto a ser considerado é se a curvatura é abrupta ou suave. Curvaturas suaves podem ser corrigidas sem enxerto, sem haver perda significativa de tamanho peniano. Já na curvatura abrupta, o pênis perderá algum tamanho se não for realizado enxertia.

A cirurgia com enxerto, consiste na incisão do corpo cavernoso no local onde o pênis curva, cobrindo a falha resultante com tecido do próprio organismo (autólogo) ou de fora (heterólogo).

  • Yachia D, Beyar M, Aridogan IA, et al. The incidence of congen-

ital penile curvature. J Urol. 1993;150:1478–9.

  • yirady P, Kelemen Z, Banfi G, et al. Management of congenital penile curvature. J Urol. 2008;179:1495–
  • Leonardo C, De Nunzio C, Michetti P et al: Plication corporo- plasty versus Nesbit operation for the correction of congenital penile curvature. A long-term follow-up. Int Urol Nephrol 2012; 44: 55–

Doença de Peyronie

É uma doença progressiva, que se caracteriza pela deposição do colágeno substituindo fibras da túnica albugínea, tecido que recobre o pênis. Possui uma fase aguda, evidenciada por um processo inflamatório, ocasionalmente associado a dor à ereção ou à palpação da placa, além do aumento progressivo da placa e da curvatura. Essa fase dura até um ano e alguns poucos resolvem a curvatura espontaneamente.

A partir daí, segue-se o processo crônico, onde não haverá mais evolução da doença. A doença de Peyronie é bastante impactante para o homem, podendo ser causa de depressão, problemas emocionais e de relacionamento

Os homens se queixam comumente que o pênis diminuiu de tamanho e muitos perdem a rigidez na porção do pênis além da placa.

O tratamento é cirúrgico e o tipo do procedimento deve ser discutido com o paciente. Curvaturas pequenas, em geral menor do que 30o, podem ser tratadas por plicatura, onde se aplicam pontos no lado contrário à placa para retificar o pênis. É um procedimento mais simples, porém, pode haver alguma perda do tamanho peniano.

Curvaturas pequenas, quando associadas à disfunção erétil, podem ser tratadas com prótese peniana.

Há um procedimento de modelagem peniana na cirurgia, onde com manobras pode-se tentar retificar o pênis fraturando a placa.

O procedimento mais utilizado é a colocação de enxerto recobrindo a incisão da placa. Em geral usamos pericárdio bovino. Quando a curvatura é para baixo (ventral), a mais frequente, o feixe vasculonervoso da glande deve ser dissecado cuidadosamente. Quando a curvatura é para cima (dorsal), a uretra deve ser isolada para permitir a colocação do enxerto.

Nos casos de disfunção erétil, prótese peniana inflável ou maleável podem ser implantadas na mesma cirurgia do enxerto ou plicatura.

Deve-se discutir com o paciente sobre a possibilidade de melhorar a estética genital em adição ao procedimento, já essa é uma queixa comum dos pacientes.

As principais complicações cirúrgicas incluem-se formigamento da glande, disfunção erétil, persistência da curvatura.